sábado, 10 de maio de 2014

ALMEIDA GARRETT E O ROMANTISMO



João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett, poeta, romancista e dramaturgo português, nasceu no Porto a 4 de fevereiro de 1799. Viveu a adolescência nos Açores, durante a ocupação francesa em Portugal. Em 1816 viajou para Coimbra, onde se matriculou no curso de Direito. Em 1821 publicou O retrato de Vénus, trabalho que lhe rendeu processo judicial, sob a acusação de ser materialista, ateu e imoral. É também neste ano que ele passa a assinar suas obras como Almeida Garrett. Em 1820 participa da revolução liberal, partindo para o exílio na Inglaterra em 1823, após a Vilafrancada. Antes casou-se com Luísa Midosi, que tinha apenas 14 anos. Foi na Inglaterra que tomou contacto com o movimento romântico, descobrindo Shakespeare, Walter Scott e outros autores, e visitou castelos feudais, ruínas de igrejas e abadias góticas, vivências que se refletiriam na sua obra posterior. Em 1824, partiu para a França e nessa viagem escreveu o conhecido poema Camões (1825), que inaugurou o romantismo em Portugal, e Dona Branca (1826). No ano de 1826 voltou para Portugal juntamente com os últimos exilados, dedicando-se ao jornalismo, fundando e dirigindo o jornal diário O Português (1826-1827) e o semanário O Cronista (1827). Exilou-se novamente em 1828, com o regresso do rei absolutista D. Miguel. Ainda no ano de 1828 perdeu a sua filha recém-nascida. Novamente na Inglaterra, publica Adozinda (1828). Tomou parte no Desembarque do Mindelo e no Cerco do Porto em 1832 e 1833, ao lado das forças comandadas por D. Pedro IV, que venceram os miguelistas. A vitória do Liberalismo permitiu-lhe instalar-se novamente em Portugal, após curta estadia em Bruxelas como cônsul-geral e encarregado de negócios, onde leu Schiller, Goethe e Herder. Em Portugal exerceu cargos políticos, distinguindo-se nos anos 30 e 40 como um dos maiores oradores nacionais. Foram de sua iniciativa a criação do Conservatório de Arte Dramática, da Inspecção-Geral dos Teatros, do Panteão Nacional e do Teatro Normal (atualmente Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa). Mais do que construir um teatro, Garrett procurou sobretudo renovar a produção dramática nacional segundo os cânones já vigentes no estrangeiro. Almeida Garrett afastou-se da vida política em 1852. Contudo, em 1850 subscreveu, com mais de 50 personalidades, um protesto contra a proposta sobre a liberdade de imprensa, mais conhecida por “lei das rolhas”. Faleceuem 1854, vítima de cancro, em Lisboa, na sua casa situada na acual Rua Saraiva de Carvalho, em Campo de Ourique.
  
A poesia de Almeida Garrett, especialmente as duas coletâneas publicadas na última fase da sua vida (Flores sem fruto, de 1844, e Folhas caídas, de 1853) introduziram uma espontaneidade e uma simplicidade praticamente desconhecidas na poesia portuguesa anterior.  A liberdade da metrificação, o vocabulário corrente, o ritmo e a pontuação carregados de subjectividade são as principais marcas destas obras. (Fonte: Wikipédia)

Conforme Antônio Soares Amora:

“Almeida Garret foi um homem típico do Portugal da primeira metade do século 19, ou, mais explicitamente, do Portugal da revolução liberal e romântica. (...) Desde 1822, quando se lançou como escritor de grande público, com uma obra de escândalo, O retrato de Vênus, até morrer, com 55 anos – sempre impôs, na vida política, social e intelectual portuguesa, a sua presença atuante, influente e quase sempre dominante”. Após sua morte, houve “o culto da sua personalidade e da sua obra, culto que produziu uma linhagem de garrettistas”. Garrett “iniciara a reforma romântica da literatura de língua portuguesa. (...) Da ampla e poligráfica obra de Garrett, já foram consagrados como pontos mais altos o poema Camões, publicado em Paris, em 1825; o Romanceiro, começado a editar em 1828, em Londres; o drama Frei Luís de Sousa, representado e publicado em 1843, em Lisboa; o livro, de variada matéria, Viagens na Minha Terra, publicado em volume em 1846, e finalmente as Folhas Caídas, poemas lírico-amorosos, saídos em 1853 (...). O amor da Pátria, a paixão pela sua grandeza passada, a esperança da reconquista dessa grandeza, o sofrimento ante suas desditas, a saudade dela em acerbo exílio, a inconformação do mais puro e intenso sentimento patriótico ante um governo e uma classe dominante impatrióticos – eram sentimentos que Garrett, nos seus vinte e cinco anos, via em Camões; e pôde dar a esses sentimentos veemente expressão, porque eram também os sentimentos que o dominavam, bem como a todos os seus contemporâneos, perseguidos e deportados, de Portugal e de outros países,  da Europa e da América, pela luta contra o absolutismo e o despotismo e pela defesa do liberalismo. (...). No Romanceiro, resgatou o passado cavalheiresco, místico, marítimo e sentimental, naquilo que a raça portuguesa possuía de mais profundo e permanente em matéria de sentimento religioso, heróico e amoroso. O Romanceiro despertou, no Portugal romântico, o gosto das velhas tradições nacionais e da poesia popular”. Já no drama Frei Luís de Sousa, encontramos elementos como a “simplicidade do enredo, a concentração dos efeitos dramáticos, a economia e propriedade dos recursos expressivos, a verossimilhança e força dos caracteres e o achado de uma essência trágica, isto é, de uma situação ‘catastrófica’ e portanto sem solução (...), tratada com perfeição”.


RESUMO GERAL DA PEÇA FREI LUÍS DE SOUSA

ATO I

O drama histórico Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, é ambientado na cidade de Almada (próxima à Lisboa) no século XVII, após a batalha de Alcácer-Quibir, em que morreu D. Sebastião, e durante a dominação espanhola sobre Portugal. Logo no texto inicial do Ato I, que descreve o luxuoso cenário, há referência ao retrato de D. Manuel de Sousa, como cavaleiro de Malta, vestido de negro, com uma cruz branca no peito.

Madalena faz a fala inicial citando versos de Camões sobre o “engano d’alma, ledo e cego, / Que a fortuna não deixa durar muito”, que já antevê o trágico final da peça. Aproxima-se Telmo, um velho escudeiro que servira ao primeiro marido de Madalena, D. João de Portugal, e que, fiel ao seu senhor, não aprovara o segundo casamento desta senhora. Os dois iniciam um diálogo, e Madalena pede ao escudeiro que, quando conversar com sua filha Maria, evite alimentar na moça a expectativa pelo retorno de D. Sebastião. Madalena preocupa-se com a fantasia da filha, ao mesmo tempo em que teme não o regresso do rei, mas o de seu primeiro marido, que desaparecera na mesma batalha, há 21 anos. O retorno de D. João de Portugal deixaria Madalena na situação de mulher adúltera (seu próprio nome, de origem bíblica, não foi escolhido ao acaso), anularia seu segundo casamento, e a filha Maria seria coberta de vergonha.

Ao mesmo tempo, Madalena expressa uma crítica ao sebastianismo, que acompanhou a vida portuguesa ao longo de séculos: “... a esse desgraçado rei D. Sebastião, que o seu mais desgraçado povo ainda não quis acreditar que morresse, por quem ainda espera em sua leal incredulidade”. Madalena vê no sebastianismo da filha um sinal de mau agouro, um presságio “de uma desgraça que está iminente sobre a nossa família”.
Madalena expressa ainda a preocupação pela demora do marido, Manuel de Sousa, de retornar de Lisboa, que na época enfrentava uma peste.

Na cena III vem Maria, cantando e sonhando com “a ilha encoberta onde está el-rei D. Sebastião, que não morreu e que há de vir um dia de névoa”. Ela é recriminada então pela mãe, para quem “o povo, coitado, imagina essas quimeras para se consolar na desgraça”. Ela censura a filha por ler demais e “estar sempre a imaginar nessas coisas que são tão pouco para a tua idade”. Numa nota de rodapé, Garrett refere-se às antigas cantigas populares portuguesas, que ele recuperou em seu Romanceiro.

Na cena V, frei Jorge, irmão de Manuel, traz a notícia de que quatro governadores de Lisboa viriam a Almada e que requisitaram a casa de Madalena para se hospedarem. A família teria de se mudar, para que ali se instalassem as autoridades vassaladas do rei da Espanha. Maria revolta-se: “Fechamos-lhes as portas... Metemos a nossa gente dentro: o terço de meu pai tem mais de seiscentos homens, e defendemo-nos. Pois não é uma tirania?” O episódio aponta a dimensão política, nacionalista e patriótica, da peça.

D. Manuel de Sousa aparece em cena, confirma o aviso dado por frei Jorge e diz que “sairemos esta noite mesmo”. Critica os governadores de Lisboa, acusando-os de “oprimir os seus naturais em nome de um rei estrangeiro”. Maria incentiva a revolta do pai, dizendo: “mostrai-lhes quem sois e o que vale um português dos verdadeiros”.

Na cena VIII, D. Manuel glosa a filha, dizendo: “Há de saber-se no mundo que ainda há um português em Portugal”. Ele planeja incendiar a própria casa, para não abrigar os governadores de Lisboa, o que é consumado no final do primeiro ato.

Antes disso, anuncia a Madalena que eles ficarão instalados na casa do primeiro marido dela, D. João de Portugal, o que aterroriza a mulher, que sente maus presságios: “Bem sei que é loucura; mas a idéia de tornar a morar ali, de viver ali contigo e com Maria, não posso com ela. Sei decerto que vou ser infeliz, que vou morrer naquela casa funesta”. O marido faz pouco caso dos temores da mulher, e ordena que todos se preparem para abandonar a casa naquela mesma noite, enquanto ele prepara uma “lição aos nossos tiranos”. Toma então duas tochas e começa a incendiar a casa; as chamas queimam o retrato de D. Manuel, para a tristeza de Madalena, que sente novo presságio.

       
ATO II

O segundo ato da peça é ambientado no antigo palácio do primeiro marido de Madalena, D. João de Portugal. Num salão antigo, vêem-se retratos de cavaleiros, monges, de el-rei D. Sebastião e do falecido dono do palácio. Maria diz a Telmo que a perda do retrato de seu pai, consumido pelas chamas, é visto pela mãe como “prognóstico fatal de outra perda maior, que está perto, de alguma desgraça inesperada”. Maria nota o retrato de D. João de Portugal e pergunta a Telmo quem era aquele cavaleiro. O aio hesita, dizendo tratar-se de um membro da Casa de Vimioso. Maria percebe a mentira, e observa que a sua mãe ficou intrigada com esse retrato, para o qual repetia a frase “o outro, o outro...”. Conforme ela notara, ambos os retratos não saíam da cabeça de sua mãe, num conflito emocional e psicológico representado pela comparação dos dois quadros. Em seguida, a conversa gira em torno de Camões, que Telmo, talvez falando como porta-voz de Garrett, considera que foi menosprezado em vida pelos poderosos, como se fosse apenas um servo, sendo idolatrado apenas após a sua morte. (Camões já apareceu no início da peça, na fala inicial de Madalena). Retorna Manuel de Sousa, que revela a sua filha a identidade do cavaleiro representado no quadro, de forma respeitosa. Na Cena IV, Manuel informa que precisa ir a Lisboa, resolver negócios; Maria pede para ir junto, a fim de visitar sua tia. Madalena não gosta da idéia, ainda mais que eles partiriam numa sexta-feira, dia da Paixão de Cristo, o que para ela era presságio de algo grave.  Ela teme ficar sozinha e, por algum motivo, perder o marido, a quem ama. O irmão de Manuel, frei Jorge, fica com ela, fazendo-lhe companhia. Pouco após a partida do marido e da filha, Madalena recebe a visita de um romeiro, que diz estar voltando de uma peregrinação à Terra Santa, com passagem por Roma. O romeiro informa ter visitado o Santo Sepulcro, e que passou vinte anos prisioneiro na Palestina, portanto, desde a época da batalha de Alcácer-Quibir. Por fim, ele diz a Madalena que traz para ela uma mensagem de alguém que a quer muito bem, e que pediu para avisá-la que estava vivo. Madalena logo percebe tratar-se de seu marido, que julgava morto há muitos anos. Na peça fica apenas sugerido que D. João de Portugal e o romeiro são na verdade a mesma pessoa; quando frei Jorge pergunta o nome do romeiro, este, repetindo a fala de Ulisses na Odisséia, responde: “Ninguém”. (Há também um paralelo com a figura de Ulisses, vestido como mendingo, retornando a Ítaca, onde vê Penélope assediada por pretendentes, doze anos após a sua partida para a guerra de Tróia).          


ATO III

Manuel lamenta a sorte da filha, que será considerada bastarda, além de ficar órfã, uma vez que os pais, como penitência, ingressarão em ordens religiosas (e Manuel compara o hábito monástico a uma mortalha). Ele assume a culpa por toda a desgraça que recaiu em sua família. Maria, mesmo sem saber do ocorrido, apenas por ver o sofrimento da mãe, contrai tuberculose, expelindo sangue. Telmo encontra o romeiro, e, da conversa entre ambos, acontece a revelação da identidade de D. João de Portugal. Este, embora sinta vergonha e desonra pela traição da esposa, não faz escândalo e parte, para evitar os males que poderiam recair sobre ela, por compaixão ou respeito pela que amou outrora. Madalena, por sua vez, não aceita perder o marido a quem ama e põe em dúvida as palavras ditas pelo romeiro, para tentar salvar o seu casamento e a união da família; Manuel, porém, não volta atrás em sua decisão, dizendo que o amor entre eles é impossíve. Madalena abraça-se a uma cruz, temendo pela filha, e pergunta a Deus o que mais lhe será tirado, o que a sorte ainda lhe reserva. Na Cena X, acontece a ordenação monástica de Manuel e Madalena, já vestidos com hábitos religiosos. Maria intervém na cena, em estado de alienação, roupas brancas, desalinhadas, cabelos soltos, rosto macerado pela doença e olhar desvairado. Ela questiona: “Que Deus é esse que está nesse altar, e quer roubar o pai e a mãe a sua filha?”   Denunciando já saber a verdade sobre o primeiro marido da mãe, indaga: “Que me importa a mim com o outro? Que morresse ou não, que esteja com os mortos ou com os vivos, que se fique na cova ou ressuscite agora para me matar?... Mate-me, mate-me, se quer, mas deixe-me este pai, esta mãe que são meus”. Ela questiona o preconceito religioso que nega ser ela a filha legítima de seu pai e sua mãe, ao mesmo tempo em que anuncia a própria morte, pela dor da separação. A peça termina com a bênção do prior à menina, que encomenda a sua alma a Deus.

Nota 1: a personagem Maria, talvez a mais rica da peça, expressa talvez o pensamento de Garrett (na política, a defesa do nacionalismo, do patriotismo; nos costumes, a liberdade do amor).

Nota 2: há nessa obra um conflito entre o pensamento tradicional, conservador, católico, de um lado, e o pensamento liberal e revolucionário, de outro.


Comentários de Antônio Saraiva:

“A teoria do ‘drama’ (o novo gênero teatral ‘romântico’ que bania a distinção entre a tragédia e comédia), prenunciada no século XVIII, nomeadamente por Diderot, fora exuberantemente popularizada por Victor Hugo no prefácio de Cromwell (1827). Algumas características: multiplicidade da localização e alongamento do tempo, para permitir uma ação mais livre; recurso ao característico, local, histórica e psicologicamente; efeitos de contraste entre o grotesco e o sublime; diversidade dos tipos humanos, até nas suas formas patológicas e vulgares.”

Sobre as primeiras peças de Garrett, de conteúdo histórico-político, diz Saraiva: “Garrett pôs ao serviço deste conceito da missão do teatro uma arte notável do diálogo e do efeito cênico, uma inteligência lúcida, apoiada numa informação histórica que, então, se pode julgar considerável; mas não conseguiu inspirar sopro de vida a este conjunto de peças ditadas por um objetivo didático. Por isso nenhuma delas sobreviveu.”

“Noutro plano muito superior se recorta o Frei Luís de Sousa (1844), obra solitária não apenas na literatura portuguesa, e no teatro romântico em geral, mas até no próprio teatro garrettiano.”

Nesta obra, diz Saraiva, o autor português “pretendeu incluir uma lição cívica: o sentimento da independência, que a intervenção antidemocrática de ingleses e espanhóis na vida política portuguesa fazia então vibrar agudamente”.

“Mas estas intenções não impedem que a peça esteja centrada num drama familiar, íntimo, e atual no tempo de Garrett.”

Esta peça, segundo Saraiva, se aproxima da tragédia clássica mais do que do drama, pois “não apresenta cenas cômicas nem tipos grotescos ou simplesmente extravagantes”. O tempo (cerca de uma semana) e o lugar (dois solares e uma igreja contígua a uma delas, tudo em Almada) aproximam-se da concentração exigida pelo teatro clássico. A cena nuclear é, como recomendava Aristóteles, uma anagnórise (reconhecimento); e o pathos (aflição do protagonista) adensa-se num clímax (crescente precipitação fatal dos fatos), até a catástrofe.”

Saraiva comenta o prefácio que Garrett escreveu para a peça, onde ele se refere ao “terror” e à “piedade”, que são “dois elementos fundamentais da teoria aristotélica da tragédia”, relacionando depois Frei Luís de Sousa aos clássicos franceses e italianos (Racine, Corneille etc.) e às tragédias gregas.

Na peça de Garrett, “a crise dramática resulta assim da contradição entre a situação criada – a vida atual – e um passado incompatível com ela, que não renuncia aos seus direitos – um passado que também é vida. A contradição resolve-se pelo aniquilamento recíproco das posições contraditórias.”

“Como nas tragédias clássicas, o destino patético é desencadeado por uma única infração dos costumes consagrados.”

“O senso de destino exprimiria uma ânsia de expiar a culpa. Aliás, como veremos, o sentimento de culpa surge insistentemente na obra garrettiana, quanto a autoridades patriarcais ou religiosas (pais e clérigos), sobretudo na fase em que assiste à degradação do seu liberalismo ideal, convertido em ditadura cabralista do capitalismo latifundiário e financeiro.”

Saraiva observa que nesta peça há uma tensão entre, por um lado, a “reivindicação da liberdade de amar” e a “exigência de mudar o mundo”, e, de outro lado, “remorsos, o sentimento religioso de um fatalismo transcendente (com o Destino incógnito a falar, em numerosas coincidências, pela própria voz das personagens)”.


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